quarta-feira, julho 23, 2003

"Qualquer dia vou ter de ir a Coimbra"

disse-me ela, em jeito de promessa. Eu sorri e não disse nada. Mais tarde veio-me à memória essa frase: "... vou ter de ir a Coimbra". Pensando bem, cada vez menos gente tem de vir a Coimbra. Lá vão passando de Lisboa para o Porto, do Porto para Lisboa, mas raramente param. Uma consulta no médico especialista, uma visita à "Cidade Museu", e é tudo. Por cá vai-se vivendo da tradição, do "só passa quem souber" e do "tem mais encanto na hora da despedida". Esta última encerra uma certa ironia, diga-se.
No entanto, ainda se pode viver com uma alguma qualidade entre o Choupal e a Lapa. Mesmo sem ofertas de emprego, sem um centro cultural, com uma ponte que nunca mais acaba, com um metro de superfície fantasma, quase sem salas de cinema, com um estádio de futebol entalado entre prédios que nascem como cogumelos, de costas voltadas para o Mondego, ainda d? gosto viver aqui.
Mesmo sentindo o peso da tradição, a Universidade ainda é uma instituição respeitada e viva, com centros de investigação e uma qualidade de ensino que são bastante cotados em algumas áreas. É pena a cidade e a região não aproveitarem mais. A abertura parece difícil mas inevitável.
O programa Polis parece finalmente visível. A Capital Nacional da Cultura parece ganhar fôlego, depois de um início pouco promissor. Será que a "velha senhora" está a acordar?...
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