quarta-feira, abril 14, 2004

Actualização: Savimbi ou como a moral de pacotilha sobre a ETA é frágil

A ETA é uma organização terrorista!
Enquanto escrevo estas palavras benzo-me e fustigo-me com uma tábua cheia de pregos. Com as minhas costas a escorrer sangue mas purificado por essa frase mágica «a ETA é uma organização terrorista», vou escrever o que acho sobre essa moral de pacotilha que apareceu aqui na blogosfera sobre a qualificação e adjectivação da ETA e a sua relaçao com causas como a de...Savimbi.

O ruir da moral: da ETA a Savimbi
Lá por volta do meio dia do último dia 11 de Março, todos percebemos que estava muita gente preparada de «calhau de passeio na mão» para apedrejar o Barnabé assim que o apagão do weblog.pt findasse. Tudo isto porque muita gente estava quase certa que o Barnabé iria apoiar a causa da ETA, os indiscutíveis responsáveis dos atentados (tal e qual!). Mas hélas! O Barnabé entrou logo a condenar a ETA. À falta de melhor procurou-se nas vírgulas um subtil e recôndito apoio à causa etarra. Pelo Abrupto foi denunciado o «fascizante» do comunicado do BE sobre o 11 de Março e o «basta ya» do Barnabé. Passados alguns minutos dezenas de blogues repetiam as mesmas denúncias do Abrupto. Isto tudo apesar de os miseráveis negócios que o governo português tem às claras com o regime saudita, responsável por crimes imensamente piores do que os da ETA, merecerem um estranho silêncio das mesmas pessoas que revelam uma sensibilidade brutal em relação à adjectivação da ETA. Percebia-se que esta aparente hiper-sensibilidade humanista não provinha de causas nobres.

Um mês depois o Abrupto cita Jonas Savimbi, um dos maiores criminosos da história das pós-independências africanas, para justificar a intervenção no Iraque. Para quem foi tão sensível à adjectivação da ETA, todo o moralismo então empregado torna-se vão. Ficamos todos com curiosidade de saber como se deverá adjectivar um homem responsável por:

- Imensos campos de minas que já fizeram milhares de vítimas e continuarão a produzir vítimas entre gerações futuras de angolanos.
- Utilização de campos de refugiados como escudos humanos.
- Forçar dezenas de milhares de meninos dos 6 aos 16 anos a combater.
- Semear uma guerra irracional por todo o país contra o MPLA, excepto no Lunda Norte, onde MPLA e UNITA tinham um acordo de cavalheiros para recolher diamantes lado a lado, para vender e comprar armas para destruir o resto do país.

Tal como muitas as pessoas declararam sem ambiguidades que a ETA é uma organização terrorista, aguardemos agora que o Abrupto seja capaz de adjectivar adequadamente Jonas Savimbi.

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