domingo, abril 04, 2004

Ciência: para a reflexão europeia

A distribuição por países das 1000 publicações mais citadas :

61% EUA
11% Reino Unido
5% Alemanha
4% Canadá
3% França
3% Itália
2% Japão
2% Holanda
2% Suíça
2% Austrália
5% Outros

Obviamente que parte da vantagem dos países anglo-saxónicos resulta do facto de o inglês ser a língua científica. Mas não explica a diferença abismal entre os EUA e o resto dos países. O investimento público americano (sublinho público e não privado) na ciência, sobretudo via orçamento militar, é largamente superior ao investimento público europeu directo na ciência. A União Europeia (UE) poderia e deveria pensar seriamente em aumentar largamente a fatia do seu investimento público directo na ciência até ao nível do investimento americano e para isso não precisaria de investir indirectamente através do sector militar como os EUA. A UE não precisa de se tornar em mais um «toxicodependente» militar do planeta.

Para se ter uma ideia
O concorrente directo do meu trabalho de investigação é um investigador do Naval Research Laboratory, EUA. A última vez que troquei impressões com ele sobre as diferentes opções técnicas de trabalho, ele perguntava-me porque é que eu utilizava um determinado tipo de detectores. Eu disse-lhe porque eram muito mais baratos do que todos os outros. Ao que ele me respondeu que com 100 mil dólares comprava uns detectores de um tipo mais fácil de produzir e não se chateava mais. Ora 100 mil dólares é o orçamento para um triénio do laboratório onde trabalho em Coimbra. Além do mais, para termos direito a essa quantia temos que obter Muito Bom ou Excelente na avaliação internacional a que somos sujeitos de três em três anos.

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