segunda-feira, agosto 09, 2004

Mundo de Aventuras VIII

A bandeira é a da China comunista, mas estamos na China Town, o bairro nova-iorquino onde o nome das ruas aparece inscrito em chinês e em inglês, onde o comércio e os habitantes são quase exclusivamente chineses ou americanos de origem chinesa ou asiática.

(Chinatown, Nova Iorque, EUA, 2002)

Vasco Graça Moura treparia pelas paredes
Na Europa, isto não é nada de novo. As judiarias são um dos exemplos de bairros criados por imigrantes onde a sua cultura prevalece sobre a cultura do país de acolhimento. No entanto, essa tradição perdeu-se um pouco, reflexo talvez da onda nacionalista que dominou o nosso continente nos últimos séculos. Mas agora ressurgem na Europa esses bairros em que é dominante a cultura dos imigrantes, temos novos bairros: magrebinos, indianos, paquistaneses, arménios, filipinos, chineses, etc. Esta nova realidade (que de facto é muito velha) incomoda muitos conservadores. Incomodam-se com os mercados onde se fala árabe, hindu ou chinês. Incomodam-se porque "eles nem sequer aprendem a língua do país". Um dos arautos dessa xenofobia escondida com o rabo de fora é Vasco Graça Moura. O nosso eurodeputado tem andado muito chocado com o que tem visto em França e na Bélgica. Mas o mais engraçado é que refere sempre os EUA como o "melting pot" perfeito da imigração. Ora, o que Graça Moura deveria perceber, é que tal como nos EUA, se calhar um dia teremos bairros na Europa onde só se falará árabe, hindu ou chinês e provavelmente teremos por lá a flutuar a bandeira da Índia, da China, do Paquistão, da Argélia ou de Marrocos.
Na passada quarta-feira Vasco Graça Moura voltou à carga, mas desta vez de uma forma mais moderada. Longe de artigos anteriores onde roçava a xenofobia. Mesmo assim Graça Moura conclui que "a identidade europeia poderá vir a tornar-se cada vez mais problemática". O mais certo é a identidade europeia tornar-se mais rica, como Nova Iorque e como o Portugal do renascimento, o Portugal do brilhante judeu Pedro Nunes. Mas será que Graça Moura não tem um espelho lá em casa? Será que ele não topa o seu tom de pele e o seu nariz mediterrânico? Ninguém é capaz de lhe dizer que, apesar das suas ideias, Portugal ganhou em ter absorvido os seus antepassados do Norte de África (ou do Médio Oriente), os tais da "graça moura"?!

Mundo de Aventuras VII

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