quarta-feira, setembro 29, 2004

No tempo em que o petróleo era inofensivo

"...di verso tramontana confina con Giorges [Geórgia]; e in questo confine è una fontana, ove surge tanto olio in tanta abbondanza, che cento navi se ne caricherebbero alla volta; ma egli non è buono da mangiare, ma sì da ardere; è buono da rogna e ad altre cose; e vengono gli uomini molto dalla lunga per questo olio, e per tutta quella contrada non s'arde altro olio"

Marco Polo, "Il Milione"

terça-feira, setembro 28, 2004

CERN: continua o "nãoooo pagaaaamos"

Eu já aqui tinha alertado para o não pagamento das quotas do CERN por parte do Ministério da Ciência. A situação de não cumprimento continua, mas desta vez ganhou visibilidade e chegou às páginas da edição em papel do Publico. Pode ser que se regularize finalmente a situação, mas a herança da equipa mais irresponsável e manhosa que passou pelo Ministério, a equipa de Pedro Lynce, continua a causar danos sérios à imagem da ciência nacional em instituições internacionais de grande prestígio como é o CERN.
Volto a chamar a atenção: a situação em relação à ESA é semelhante, temos quotas por pagar!

segunda-feira, setembro 27, 2004

Boa ciência na TV

O canal de notícias EuroNews criou recentemente uma rubrica intitulada "Space", financiada pela Agência Espacial Europeia, onde são apresentadas reportagens interessantíssimas sobre os últimos desenvolvimentos científicos e sobre o impacto da tecnologia espacial na sociedade. O EuroNews no cabo deixou de ser traduzido para português quando começou a Guerra no Iraque, terá sido coincidência ou um corte de fundos do nosso governo com objectivos ideológicos velados?...

Outra novidade é o programa Megaciência da SIC que segue um modelo de programa científico para o grande público já realizado com sucesso na Alemanha. É um programa fresco e dinâmico onde são apresentadas e explicadas muitas experiências curiosas que revelam a importância da ciência na nossa sociedade.

sábado, setembro 25, 2004

Sábado em Coimbra XV: Kid & Khan

Este Sábado começou de madrugada na Via Latina a ouvir os Kid & Khan. O som electro-punk destes rapazes era sofisticado, mas as palavras que acompanhavam o som deste duo vindo da Alemanha não me seduziram. A língua inglesa já é uma língua demasiadamente simples para o meu gosto, mas pode tornar-se inoportuna quando é recitada através de lugares comuns e de frases cuja falta de riqueza revelam a proveniência não anglo-saxónica dos autores.
Saí antes de acabar, a cheirar a fumo até à raíz dos cabelos.

Sábado em Coimbra XIV

sexta-feira, setembro 24, 2004

Mundo de Aventuras XI

Em torno da caldeira de um vulcão suficientemente grande formam-se por vezes uns mini-desertos, é o caso do vulcão que deu oriegm ao Crater Lake. A caldeira do vulcão estava nas minhas costas, aqui vemos o sopé.

(Crater Lake, Oregon, EUA, 2003)

Mundo de Aventuras X

quinta-feira, setembro 23, 2004

Livro de Blix: Armas de Desaparecimento em Massa

Estranhamente, parece que o livro onde Hans Blix relata o processo de inspecções que dirigiu no Iraque ainda não foi traduzido para português.
Li a versão francesa: "Irak, les armes introuvables", Fayard, 2004. É um livro interessantíssimo que aconselho sobretudo a todos aqueles que se fartaram de opinar sobre as armas de destruição em massa. Nem é tanto para verificarem o que erraram, é mais para tentarem escrutinar o pouco em que acertaram. A verdade é que depois de ler o livro de Blix, um livro de argumentação bem fundamentada (método que é considerado um mau hábito aqui na Lusitânia), chega-se à conclusão que bem mais de metade das coisas que se iam dizendo sobre as armas de destruição em massa eram erradas.

Ao longo de todo o livro percebe-se que Blix é uma pessoa que prima por uma honestidade extrema. Durante o processo de inspecções descrito por Blix fica claro que este não cede às pressões dos EUA e do Reino Unido, mas também não alinha na fácil tentação de se tornar num ícone do militantismo anti-guerra. Blix mostra que é um cientista a sério não se afastando nem um milímetro do pragmatismo que o trabalho de inspecções exige.

Mas por detrás desta capa de profissional duro e exigente, Blix revela no seu livro um requintado e irónico sentido de humor que polvilha deliciosamente a sua obra desde a primeira à última página. Querem exemplos? Aqui vai:

- Título do cap. XII: "Après la guerre: les armes de disparition massive".

- Título de sub-capítulo do cap. XII: "La mère de toutes les erreurs"

- "...millions de personnes dans la rue à travers le monde, États-Unis compris. À New York, le défilé passait près de mon immeuble de Manhattan, et je m'étais retrouvé au milieu de la foule en sortant acheter du lait. J'avais même craint un instant d'être reconnu et de me voir hissé sur un camion de manifestants en guise de mascotte."

- "L'ambassadeur de Suède m'offrit une affiche qu'il avait ramassé dans la rue après la manifestation. Elle portait le slogan BLIX-NOT BOMBS! Elle est toujours accroché à mon mur."

quarta-feira, setembro 22, 2004

Silêncio! Estamos a ser espiados

Aqui há dias tropecei num livro do qual não se fala, sobre o qual não se debate. É como se não existisse, mas existe. Intitula-se "Os americanos espiam a Europa? - O caso ECHELON dois anos depois", Editorial Notícias, 2004. O autor é Carlos Coelho, o eurodeputado português do PSD que foi responsável pela elaboração do relatório ECHELON. O livro fala de um assunto grave, em que empresas europeias já foram altamente prejudicadas pela espionagem norte americana como o denuncia o próprio relatório. Porque é que paira um silêncio estranho sobre este livro?

terça-feira, setembro 21, 2004

:*

En un baiser partons vers un monde inconnu
Alfred de Musset

Educação na RTP: dar voz aos piores

Apanhei a meio o debate sobre a educação no Prós e Contras da RTP. Ouvi a Prof. Fátima Bonifácio repetir as mesmas ideias erradas e sem fundamento sobre a educação. Porque é que os que erram, os que não sabem fundamentar as suas posições, é que têm tempo de antena? Porque é que, por exemplo, o Prof. Carlos Fiolhais (que na Sociedade Portuguesa de Física tem um contacto privilegiado com os professores) faz uma resenha histórica sobre a educação que deixa a um canto as opiniões avulsas da historiadora Fátima Bonifácio não é sequer convidado para programas deste tipo? Temos medíocres a comentar, propagam-se opiniões medíocres e depois tomam-se medidas políticas medíocres. Como é que uma pessoa que é paga por uma universidade pública para formar pessoas e para investigar, que não publica em revistas internacionais da especialidade e por isso não tem contacto nem crítica internacional, que é arrogante ao ponto de chamar ignorantes aos recém licenciados, que nem sequer sabe fazer uma simples análise histórica sobre a educação num simples artigo de jornal (onde demonstra que não tem o mínimo de noções sobre estatística e amostras representativas), tem a lata de ir a um programa de televisão falar em rigor, em esforço, em trabalho e em disciplina?! Poupem-me! No dia em que Fátima Bonifácio se confrontar cientificamente com os investigadores de história da sua área de outros países, aí sim, pode ter alguma autoridade para falar.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Os filmes de que se fala

"Der Untergang" de Oliver Hirschbiegel
Um filme alemão de qualidade sobre os últimos dias de Hitler no seu bunker. Bruno Ganz é Hitler. Para quem viu Bruno Ganz em "Asas do Desejo" é estranho, Ganz passa de anjo a demónio.

"Uncovered: The War on Iraq" de Robert Greenwald
Para quem ficou incomodado com Fahrenheit 9/11 de Michael Moore e andou por aí desesperado a fazer buscas de páginas de fanáticos conservadores no Google que desmentissem o filme de Moore, tem neste filme de Greenwald ainda mais motivos para desesperar. É mais um documentário sobre as aldrabices que serviram de pretexto para atacar o Iraque, mas desta vez sem o humor de Moore, numa onda mais séria e com convidados de peso, como Hans Blix.

sábado, setembro 18, 2004

Bagão Félix empatou o país ao apostar no mito do absentismo

Ainda durante o executivo de Durão Barroso, Bagão Félix baseou uma boa parte das suas políticas sobre emprego e produtividade no mito/boato de que os trabalhadores portugueses teriam uma alta taxa de absentismo por "doença" (as aspas ilustram melhor o que Bagão pensava sobre o assunto). O estudo da revista britânica "Occupational and Environmental Medicine" desmente por completo as teorias de Bagão sobre absentismo. Quer isto dizer que durante dois anos foram praticadas políticas para combater um mal que afinal não existia. Durante os mesmos dois anos perdeu-se a oportunidade para fomentar políticas modernas de emprego e produtividade como: o aumento da contratação de mão-de-obra qualificada, a renovação tecnológica das empresas, a criação de mais parcerias entre as Universidades e as empresas, etc. Enveredou-se pela direcção errada durante dois anos por causa de um mito!

Portugal é fértil em mitos deste tipo
O problema é que estes mitos depois propagam-se e estimulam a implementação de políticas erradas. Para além deste belo mito que agora acabou ainda temos muitos mitos e lendas como: os beneficiários do rendimento mínimo andam de Mercedes e têm piscinas (gosto do "requinte" da piscina), os estudantes são todos uns bêbados e andam de BMW, as mulheres e as minorias étnicas agora têm benefícios a mais (vá lá ainda não lhes colaram nenhuma marca de carros de topo de gama), "a escola dantes é que era", em Portugal gasta-se dinheiro a mais na educação (este também foi ferido de morte após o último relatório da OCDE), etc., etc., etc!

sexta-feira, setembro 17, 2004

Mundo de Aventuras X


(MCI Center, Washington, Novembro de 2002)

Confesso que me surpreendeu a cerimónia do hino dos EUA no início de um jogo da NBA. O atentado ao WTC tinha sido à cerca de um ano, havia um ambiente especial no ar, parecia-me puro, ainda não se tinha borrado a escrita com a intervenção no Iraque.

Considero que a forma como se encara o desporto de alta competição nos EUA faz parte daquele conjunto de coisas que se fazem melhor do outro lado do Atlântico do que na Europa. Há um ambiente saudável à volta das equipas. Neste jogo entre os Washington Wizards e os Utah Jazz, a equipa visitante foi apresentada pelo animador da casa com muito entusiasmo à medida que ía anunciando as proezas estatísticas de cada um dos jogadores dos Jazz. Algumas semanas mais tarde quando Michael Jordan foi jogar pelos Wizards a Chicago contra a sua ex-equipa dos Bulls, o público de Chicago ao constatar que Michael Jordan estava no banco começou a gritar por ele: "We want Michael! We want Michael!". Isto contrasta com um Benfica-Porto a que assisti na Luz em que o animador ao anunciar a equipa do FC Porto se recusou a dizer o nome de Rui Águas, que entretanto se tinha mudado do Benfica para o Porto. As assobiadelas a Jardel no estádio das Antas quando este representou o Sporting também não foram nada bonitas. Na NBA a importância que se dá às estatísticas, às jogadas, às tácticas e às prestações dos jogadores contrastam com a conversa da treta do "sistema" e das culpas do árbitro que dominam o discurso desportivo em Portugal e em menor parte noutros países Europa. Mesmo o melhor campeonato organizado na Europa, a Liga dos Campeões, fica-se muito aquém da NBA na qualidade do espectáculo televisivo e sobretudo do espectáculo no próprio recinto. Já assisti a jogos da Liga dos Campeões em várias partes da Europa (o estádio mais animado que vi foi o Olímpico de Munique) e nenhum deles chega aos calcanhares do espectáculo que envolve o público de um simples jogo da NBA, onde há espectáculo mesmo nos tempos mortos do jogo.

Um ressalto de sonho


Lá do cimo do terceiro anel no meu lugar a 50 $ (a NBA é caríssima mas vale a pena) registei este ressalto de sonho onde figuram alguns dos deuses da NBA. Quando olho para esta foto em que Michael Jordan (23), Karl Malone (32) e Andrei Kirilenko (de frente, camisola escura) estão prestes a disputar o ressalto que vai resultar do lançamento livre de John Stockton não consigo resistir a cometer um pequeno pecado de pensamento. Imagino-me ali do lado direito de Kirilenko, a entalá-lo, e a disputar o ressalto com o Carteiro Malone e o Deus Jordan, que andavam já picados um com o outro! E se o ressalto na tabela fosse favorável era tipo para o ganhar, afinal só tenho menos 4 cm que o Deus Jordan. Ok, eu sei que só ousar pensar nisso é pecado, quanto mais...

Mundo de Aventuras IX

quarta-feira, setembro 15, 2004

Barreto: velhas opiniões erradas sobre a educação

Os dois artigos de Barreto sobre a educação publicados no Publico são mais um contributo para as velhas e cansadas opiniões que fazem a apologia do ensino no passado (ler artigo I e artigo II). Se olharmos para trás encontramos sempre este tipo de opiniões. Foi assim há 20 anos, foi assim há 40 anos, há 60, há 80, etc. O JPT do Ma-Schamba num dos comentários aos meus textos sobre este tipo de visão sobre a educação desabafa : "envelhecer custa imenso". Parece-me que o JPT anda muito próximo da verdade.

Confesso que os dois artigos de António Barreto são muito mais bem fundamentados do que o normal deste tipo de artigos (basta comparar com o medíocre artigo de Fátima Bonifácio). Barreto contextualiza historicamente os seus pontos de vista de uma forma muito interessante, mas na ânsia de passar um atestado de incompetência às novas gerações erra, e erra bastante!

Por agora, fico-me pela crítica a esta afirmação de Barreto: "Os progressos reais na educação, nas taxas de aproveitamento, nos níveis de conhecimento, nos graus de formação científica, cultural e profissional, não parecem proporcionais a tão relevante aumento da despesa nacional pública".

De facto os progressos não parecem proporcionais, porque nalguns domínios não são proporcionais são exponenciais, o que é bastante melhor. Na formação científica isso é mais do que óbvio (quase todos os gráficos de produção científica dos últimos anos são exponenciais). Na formação profissional, a mão-de-obra qualificada e o número de empresas contratadas por grandes empresas e instituições internacionais de renome (ESA, CERN, NASA, etc.) tem crescido a um ritmo impressionante e exponencial (consultar sítio da FCT). Nos níveis de conhecimento e de formação cultural Barreto também se engana (ler Jorge Paulinhos do BdE). Quanto às taxas de aproveitamento, considero um erro Barreto misturar este indicador com os restantes. Uma baixa taxa de aproveitamento tanto pode indiciar um grande grau de exigência de ensino como uma pobre formação dos alunos na preparação das provas. Se esta última conclusão é negativa, a primeira pode ser bastante positiva.

Como já tinha referido em textos anteriores sobre o ensino em Portugal, o nosso problema não é o investimento a mais, é sim o investimento a menos e sempre feito com algum atraso em relação aos outros países da Europa. O artigo de Carlos Fiolhais "O atraso português" publicado no Primeiro de Janeiro e no livro "A coisa mais preciosa que temos" não deixa dúvidas em relação ao problema do investimento no ensino. O que é pior no artigo de Barreto é este transmitir a ideia errada de que Portugal nos últimos anos investe acima dos valores investidos pelos países mais desenvolvidos. Essa ideia é desmentida pelos dados da "Education at Glance - 2004", apresentados pela OCDE, como relembra o próprio Jorge Paulinhos.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Nebulosa do Olho de Gato em maior detalhe

O telescópio espacial Hubble brindou-nos com uma nova imagem da nebulosa planetária do Olho de Gato com um detalhe nunca antes conseguido. Esta imagem vem reforçar a ideia que os anéis são muito mais comuns neste tipo nebulosas do que o anteriormente previsto.

(Imagem do sítio da ESA. Aqui imagem de alta resolução)

sábado, setembro 11, 2004

Sábado em Coimbra XIV: o meu Rocinante estava doente

Fui buscar a minha montada à oficina. O meu Rocinante azul estava doente, constipou-se, vêm as primeiras chuvas e já se sabe. Juntos percorremos mais de 100 mil quilómetros pelos trilhos da Europa. Vimos as praias de Zandvort, subimos aos Tatras, levámos uma multa injusta em Trenčin, espreitámos o Carnaval de Mainz, quisemos imitar Michele Vaillant no Grande Prémio de Paris e fizemos a caótica rotunda do Arco do Triunfo, fizemos Estrasburgo-Figueira três vezes, a última vez com a casa às costas, Praga, Bratislava, Munique, Estugarda, Eindhoven, Bruxelas, Bordéus, Gasteiz, Donostia, Salamanca, Vaduz, Zurique, Basileia, Freiburg e Viena viram-nos passar. Nunca me traiu. O seu coração alemão, o seu corpo catalão e a sua alma ibérica funcionaram sempre como um relógio, ele só me pedia palha e de vez em quando umas ferraduras novas. Ele hoje olhou-me com aqueles faróis tristes, como se estivesse adivinhar que em breve o irei trocar por outra montada mais jovem e fresca. Eu não quero pensar nisso.

Sábado em Coimbra XIII

sexta-feira, setembro 10, 2004

Mundo de Aventuras IX

É engraçado, na RTP passa o filme "Rudy: The Rudolf Giuliani Story". Na altura em que andava a ser rodado o filme cruzei-me com a equipa de filmagens e com os actores em pleno Central Park. Tirei este bonequinho do actor James Woods (Rudolf Giuliani).

(Central Park, Nova Iorque, 2002)

Rudolf Giuliani é uma personagem que não me inspira qualquer simpatia. As suas posições conservadoras e radicais provocam-me um profundo repúdio. Entre muitas das suas medidas doentias, a que revela melhor a sua pobreza de espírito é a proibição de dançar sem uma autorização especial nos bares, nos clubes e nas discotecas de Nova Iorque. Actualmente, há apenas cerca de 90 estabelecimentos que têm essa autorização em toda a cidade, mais ou menos o mesmo número de estabelecimentos onde se pode dançar aqui em Coimbra, que são todos os estabelecimentos da cidade. Nova Iorque tem cerca de 100 vezes mais habitantes...
Na Albânia também havia umas medidas deste nível, uns barbeiros no aeroporto para cortar o cabelo aos homens de cabelo comprido que entravam no país. Giuliani iria gostar.

Mundo de Aventuras VIII

Treinos de futebol nos telejornais

Numa das últimas entradas declarei-me indignado por em Portugal existir o mau gosto da televisão pública apresentar nos telejornais como notícia de interesse os banais treinos de futebol diários das equipas de futebol. Neste artigo do Publico, Eduardo Cintra Torres (ECT) faz uma excelente análise a um telejornal da TVI. ECT tece uma crítica impiedosa sobre os incontornáveis treinos das equipas de futebol que fazem parte do leque de pérolas do Jornal Nacional da TVI. Vale a pena ler.

Ranking mundial de universidades

O João do Aba de Heisenberg chamou a atenção para um ranking mundial das 500 melhores universidades elaborado pela Universidade de Shangai Jiao Tong. Nessa lista de 500 universidades encontramos apenas uma universidade portuguesa. A honra cabe à Universidade de Lisboa muito por causa da pontuação relativa ao coeficiente Nobel. Egas Moniz, que curiosamente se formou aqui em Coimbra, ganhou o prémio Nobel quando trabalhava na Universidade de Lisboa.
Aqui no laboratório pedimos as classificações das universidades portuguesas que não apareciam nas 500 primeiras e recebemos o seguinte top 5:

Porto- 27,1
Coimbra- 25,5
Aveiro- 24,7
Lisboa (IST ?)- 22,7
Nova Lisboa- 20,8

É claro que estas classificações são discutíveis, mas são apesar de tudo um bom indicador. Este ranking é demolidor para a nossa auto-estima. Resta-me a magra consolação pessoal de ter passado por duas universidades que estão entre as 200 primeiras: a Universidade de Pádua onde fiz um Erasmus e a Universidade Louis Pasteur onde me doutorei.

quinta-feira, setembro 09, 2004

Mais um mau artigo sobre o ensino

Assim que tiver tempo explicarei porque acho maus os artigos de Barreto no Público sobre a educação. Aproveitarei para pegar nalguns pontos de vista lançados pelos leitores da Klepsýdra no debate gerado em recentes entradas sobre o ensino e a Universidade.

Começa logo pelo título, colando etiquetas políticas ao ensino (direita e esquerda) é logo meio caminho andado para se perder a objectividade na análise. Eu sou daqueles que acha que o ensino (e a investigação) e a sua análise devem ser mais ou menos como a justiça: cegos. Por isso no que escreverei evitarei ao máximo falar em esquerda e direita. Até já!

quarta-feira, setembro 08, 2004

Poeira solar

Este é o sítio onde podemos seguir dentro de algumas horas a espectacular captura da Genesis, a missão que recolheu amostras da poeira que constitui o vento solar. Se correr tudo bem, resta depois esperar pela análise dessas partículas. Será que ficaremos a conhecer melhor o Sol? Um dos grandes mistérios do Sol é o de saber como é o interior do Sol para lá de cerca de 10% do seu raio.

Ajudar a Ossetia

A cruz vermelha criou uma conta para envio de donativos às vítimas do ataque à escola de Beslan.

terça-feira, setembro 07, 2004

De volta à dura realidade

Após alguns dias na Rep. Checa e na Eslováquia regresso a este país; este país em que os treinos das equipas de futebol são notícia de telejornal da televisão pública; este país que cultiva um fundamentalismo religioso em pleno século XXI, uma inquisição orgulhosa de ser vista com pena e com gozo pelo resto da Europa; este país que deixa passivamente ano após ano a floresta arder. A Rep. Checa tem 86% da população com o ensino secundário completo, a Eslováquia tem 85% e Portugal tem 21%. Estes números devem explicar muita coisa, eu pelo menos sinto essa diferença no simples contacto com as pessoas, no nível das conversas, no que lêem, no que vêem na televisão e no cinema.

quarta-feira, setembro 01, 2004

Um castelo e uma cerveja

A cerca de 40 km de Praga podemos visitar o castelo de Konopište. Lá dentro podemos apreciar uma soberba coleccao de armas, a terceira maior da Europa. O castelo pertenceu a Francisco Fernando, o arquiduque austríaco cujo assassinato em Sarajevo esteve na origem da Primeira Guerra Mundial. O castelo fica no cimo de uma colina. No fim da visita, depois de se descer a colina a pé sabe bem beber uma Ferdinand, a cerveja local de Konopište. No país da cerveja nao se devem perder estas ocasioes.