quarta-feira, novembro 24, 2004

Recomeçou o anti-francesismo primário

Chegou a segunda vaga de anti-francesismo primário. A primeira vaga lançada pelos falcões do Partido Republicano, cuja propaganda teve algum eco na Europa, garantia-nos pedagogicamente que a França era a culpada de todos os males do mundo e que no Iraque tudo iria correr bem (como se está a verificar). Agora, nada melhor que um referendo europeu para descarregar todo o ódio primário sobre os franceses e para ir buscar aquela xenofobia pequenina (vulgo provincianismo) que todos nós temos arrumada lá num cantinho da bilis.

O texto sem pés nem cabeça do João Miranda no Blasfémias abre as hostilidades. Leiam-no e se tiverem paciência comparem os disparates que lá estão sobre os franceses, por exemplo, com a história colonial portuguesa e seus mapas megalómanos, abusos, mercantilismo, etc.

Até ao referendo sobre a constituição vamos voltar a ouvir de tudo sobre a França e os franceses: são porcos, não lavam os pés, só comem queijo, falam francês em vez de falar inglês, pior ainda escrevem em francês, fazem péssimos filmes e ainda por cima são falados em francês sem legendas em inglês, são arrogantes, invadiram-nos e perderam no Buçaco que é bem feita, só pensam em sexo, são jacobinos, têm canais de TV gay (o enquadramento de jacobinos é propositado), por cima do Parlamento de Estrasburgo há muitas nuvens cinzentas, Malraux=Carrillho=Santana, enfim as parvoíces do costume.

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