quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Titã: Água não! Metano!

Na China enquanto seguia o aparecimento das primeiras imagens enviadas pela Huygens (pronuncia-se aijenss, com o som do jota espanhol) com os meus colaboradores, exclamámos "Água!" quase simultaneamente quando vimos esta imagem. E corrigimos logo imediatamente: "Água não! Metano!"


(Foto Huygens, sítio ESA)

Passo a explicar a razão pela qual exclamámos água e depois corrigimos para metano. Inicialmente exclamámos água porque a forma das "pedras" que apareciam na imagem (não são pedras são formações de gelo) fazem lembrar a forma das pedras que encontramos no leito dos rios, com formas arredondadas, sem arestas afiadas. Isso é uma evidência de actividade fluvial, o que nos sugeriu a exclamação primária de "Água!". Mas após um momento de reflexão lembrámo-nos que naquela zona do sistema solar um planeta não pode ter água líquida à superfície, as temperaturas são muito baixas. Os corpos que estão a distâncias do Sol semelhantes à distância entre Saturno e o Sol, têm uma forte probabilidade de possuir metano no estado líquido à superfície. E foi por isso que corrigimos para metano. De facto, apesar de ainda existirem muitos dados por analisar a primeira teoria sobre a morfologia do solo de Titã, é a teoria dos rios de metano.


Estados da água e do metano no sistema solar em função da distância ao Sol
(esquema do livro "Cometa", Carl Sagan, Gradiva)

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