quarta-feira, outubro 18, 2006

Rapidinhas para o João Miranda

1- O João Miranda finalmente descobriu a pólvora: "CO2 pode funcionar como amplificador do aquecimento causado pelos ciclos de Milankovitch", responsável por cerca de 5/6 da duração de um ciclo, como refere o artigo para o qual ele remete. No entanto, numa tentativa de salvar a face refere: "o que está em causa no debate (...) não é saber se existe uma relação entre a concentração de CO2 e aquecimento global.". Convido-o a dar mais atenção ao segundo gráfico que apresentei na minha entrada anterior que mostra a evolução da concentração de dióxido de carbono dos últimos 130 anos. O resto é matemática do secundário.

2- Este estudo publicado recentemente na revista Nature mostra que o Sol não tem influência no aquecimento global. O que não espanta nada. O ciclos solares mais importantes são os ciclos de 11 anos, período que pouco tem a ver com as alterações principais que se têm verificado no clima. Mas como esta é uma matéria ainda um bocado "verde", nada impede que possam surgir outros estudos diferentes, mas este é o melhor até agora realizado.

3- A radiação cósmica é um dos elementos que entra nos meus estudos, conheço-lhe bem os fluxos, os tipos de partículas, as energias, etc. Com fluxos de radiação daquela ordem não se fazem milagres. Além do mais são fluxos de radiação a longo termo estatisticamente bastante constantes, portanto não vale a pena imaginar cenários de grandes flutuações, a não ser que nos expluda uma supernova no "quintal". Mas nesse caso, as consequências podem ser bem piores que o aquecimento global. Para além disso existem muitos modelos climáticos que já incluem a radiação cósmica, não é uma grande novidade, como os estudos realizados na Universidade de Louvain, por exemplo.

4- Tudo o que é aqui discutido, tal como nos artigos referidos pelo João Miranda trata-se de trabalho que obedece ao rigor do método científico. No método científico não cabem tretas como o criacionismo. O João Miranda não pode andar as segundas, quartas e sextas a falar de ciência, e com a mesma propriedade, às terças, quintas e sábados a falar de tretas como o criacionismo que não passam o crivo de qualquer método científico. Perde-se a credibilidade.

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