domingo, novembro 19, 2006

Último Tango em Paris - ninguém saiu ileso

Em 1972 o realizador italiano Bernardo Bertolucci estreia "Último Tango em Paris", com Marlon Brando, Maria Schneider e Jean-Pierre Léaud. Nos vários países onde foi permitida a sua estreia, a carga erótica do filme não deixou os espectadores indiferentes, suscitando polémica, protestos, manifestações de apoio, etc. Mas o mais interessante e menos conhecido é que a rodagem do "Último Tango em Paris" foi muito mais nefasta para Bertolucci, Brando, Schneider e Léaud do que a sua estreia. Apesar de Bertolucci ter sido objecto de uma condenação jurídica em Itália, o conflito com Brando e Schneider resultante da rodagem do filme seria mais marcante para o realizador. Na célebre cena em que Paul (Marlon Brando) se entrega a Jeanne (Maria Schneider) suplicando-lhe para que o penetre, Brando improvisa integralmente a cena a pedido de Bertolucci, após uma conversa entre os dois em que Bertolucci decifra um sonho de Brando cujo significado o deixa extremamente perturbado. A partir daí Brando nunca mais foi o mesmo até ao fim das filmagens. Maria Schneider teve a sua dose na célebre cena do pacote de manteiga. Bertolucci não preveniu Schneider sobre a conclusão da cena. Desde o instante em que Brando imobiliza Schneider com alguma violência e se apodera do pacote de manteiga, Schneider tentou impedir o desenrolar da acção e tudo o resto que se seguiu foi contra os protestos genuínos da actriz, que acabou por se sentir de certa forma violada. Durante longos anos, quando Maria Schneider pedia um pacote de manteiga numa mercearia provocava galhofa garantida entre comerciantes e clientes. O trauma dessa célebre cena nunca mais abandonou a vida de Schneider.
Após a estreia do filme, Brando recusou-se a falar com Bertolucci durante cerca de 15 anos. Schneider cortou relações com o realizador. Ainda como curiosidade refira-se que durante a rodagem do filme, Léaud - um dos actores fetiche de Truffaut - evitou sempre cruzar-se com Marlon Brando. Léaud tinha um pavor incontrolável de Marlon Brando. Se reparem não existe nenhuma cena onde os dois contracenam.

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