quarta-feira, janeiro 30, 2008

O Fanatismo na Campanha Americana

O sítio internet Hucks Army concebido por apoiantes do candidato republicano Mike Huckabee ilustra bem o nível de fanatismo que envolve estas presidenciais americanas. Não foi apenas no Médio Oriente que a política externa da Administração Bush contribuiu para o aumento do fanatismo. Nos últimos anos, a Guerra no Iraque excitou as seitas e as mentes mais fanáticas dos Estados Unidos. Vários intelectuais e cientistas americanos têm-se manifestado em vão contra este clima de histeria de guerra santa, contra a propagação do criacionismo, a negação do Big Bang e do aquecimento global. A verdade é que uma boa parte da América ruma por estes caminhos de retrocesso civilizacional e infelizmente não é apenas Huckabee o seu arauto.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Casino Générale

À medida que se vão conhecendo mais detalhes, aumentam as suspeitas de que a fraude de 5 mil milhões de euros ocorrida na Société Générale (o meu banco quando vivi em França...), não se trata de uma simples fraude.

O que fez o departamento de controlo de aplicações financeiras da Société Générale enquanto cerca de milhares de milhões euros eram movimentados pelo funcionário Jérôme Kerviel? Quantias destas não aparecem e desaparecem de qualquer maneira.

Em tudo, esta história faz lembrar o fechar de olhos do departamento de controlo da ENRON às operações financeiras de alguns funcionários encarregados de movimentar dinheiro em esquema circulares ou pouco legais que serviam para mascarar os resultados da empresa. Se estas operações corressem bem, os funcionários retiravam grandes margens de lucro, se corressem mal, tal como final da cassete da Missão Impossível, a empresa não sabe e não teve conhecimento do que se passou.
Será este um caso isolado ou será uma prática generalizada do mercado?

Em Portugal deveríamos estar muito mais atentos a estas questões em vez de andarmos entretidos com discussões infantis sobre cigarros e bolas de Berlim. Estes crimes estão entre os que mais atingem as pessoas, provocam desemprego e o desvio de quantias consideráveis para actividades não produtivas.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Several million "green jobs"

Ler "A Different Recession" de Harold Meyerson no The Washington Post (registo gratuito). Extracto do texto:

"As in Roosevelt's time, we need a policy that boosts incomes and finds new solutions for our energy needs. FDR's long-term income remedies included Social Security, the Wagner Act (which made it possible for many workers to join unions) and public works projects -- including a massive electrification of rural America. A comparable set of solutions today would include the passage of the Employee Free Choice Act, which would enable workers in nonexportable service-sector jobs to unionize without fear of being fired. It would include a massive, federally financed program to retrofit America, creating several million "green jobs" in the process."

domingo, janeiro 27, 2008

4 meses, 3 semanas e 2 dias



"4 meses, 3 semanas e 2 dias" do romeno Cristian Mungiu é um filme sobre duas mulheres, uma desenrascada e outra desastrada, que tentam resolver uma situação de aborto na sociedade machista da Roménia de Nicolae Ceauşescu. A crítica ao machismo das sociedades latinas é frio e cortante. O género masculino é representado em rota de colisão com a emancipação feminina. Não há um homem que se aproveite no filme, os que estão presentes, os que estão ausentes e os omnipotentes (Nicolae e camaradas).

Um ponto muito positivo do filme é ausência de crítica explícita ao regime. O divórcio dos cidadãos com o regime é apresentado como ele era vivido no dia-a-dia, em silêncio, através de pequenos actos subversivos, transaccionando no mercado negro e sobretudo através do olhar. O olhar das personagens é o reflexo do clima depressivo da Roménia de Ceauşescu.

Cristian Mungiu é um nome a reter, é um realizador muito bom.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Saudades de D. Carlos e de Salazar (act.)

No blogue Atlântico manifestam-se saudades pelo Rei D. Carlos: "poderia dar lugar a outro Portugal, provavelmente mais liberal" caso tivesse sobrevivido ao atentado de que foi vítima (comparar com a Itália, Hungria ou Roménia onde as monarquias se mantiveram até 1944). Por ali também já se manifestaram saudades por Salazar (frontalmente criticadas pelo Tiago Mendes).
As minhas saudades dos regimes que representavam um e o outro são estas:


Ano em que se atingiu a alfabetizacao de metade da populacao nas diferentes regioes da Europa, "A sociedade da confianca", Instituto Piaget.


País: % de pessoas na escola em 1840,1850,1887,1928

EUA: 15, 18, 22, 24
Inglaterra: ?, 12, 16, 16
Holanda: 12, 13, 14, 19
Rússia/URSS: ?, 2, 3, 12
Alemanha: 17, 16, 18, 17
França: 7, 10, 15, 11
Hungria: ?, ?, 12, 16
Espanha: 4, ?, 11, 11
Grécia: ?, 5, 6, 12
Portugal: ?, 1, 5, 6

Aconselho ainda a leitura do texto "Atraso Português" do Prof. Carlos Fiolhais no seu livro "A coisa mais preciosa que temos", Gradiva, 2002. É um texto brilhante onde é feito o retrato do ensino em Portugal nos últimos 200 anos.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Subscrevo, obviamente

Respondendo ao repto conimbricense do Prof. Carlos Fiolhais no De Rerum Natura, subscrevo o texto "Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!". Subscrevo os motivos nele invocados, mas poderia acrescentar outros, como o alheamento por parte do executivo camarário da cultura enquanto história da cidade, enquanto património ou enquanto ligação entre o polo cultural da alta e as zonas periféricas da cidade ou as zonas pobres da Baixa.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

31% de energias renováveis

Acabaram de ser anunciadas pela Comissão as quotas por país para a redução de emissões e para as energias renováveis. A Portugal coube:

- 31% de consumo de energias renováveis em 2020. Em 2005 esse valor era 20%.
- A possibilidade de aumentar em 1% as emissões de gases de efeito de estufa, não incluídas no EU Emission Trading Scheme, até 2020. O grande desafio será travar o aumento descontrolado de emissões que se tem verificado nos últimos anos. Em breve ultrapassaremos em muito o 1% e seremos obrigados a fazer um esforço importante para reduzir e voltar a esse valor em 2020.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Sobre a proposta de reducção de emissões

1 - Conforme consta num relatório interno elaborado pelo Joint Resarch Centre, a Comissão Europeia deveria excluir das energias renováveis os biocombustíveis na proposta a apresentar amanhã.

2- A meta da Comissão para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em 2020 a 20% dos níveis de 1990 fica aquém da meta de 30%, aquela que contribuiria efectivamente para que a temperatura do planeta não suba acima 2°C - temperatura a partir da qual as consequências poderão ser irreversíveis.

3- A Comissão deveria aceitar a proposta da França de aplicação de taxas de importação suplementares aos produtos oriundos dos países mais desenvolvidos que não estão a combater com seriedade o aquecimento global, de modo a combater o dumping ambiental.

Ambiente na Figueira

O blogue do amigo João Vaz sobre o estado do Ambiente na Figueira e não só.

"O gene egoista" interpretado pela ENRON...

"I was mortified to read in the Guardian ("Animal Instincts", 27 May 2006) that The Selfish Gene is the favourite book of Jeff Skilling, CEO of the infamous ENRON Corporation, and that he derived inspiration of a Social Darwinist character from it. The Guardian journalist Richard Conniff gives a good explanation of the misunderstanding. I have tried to forestall similar misunderstanding in my new preface to the thirtieth anniversary edition of The Selfish Gene, just brought out by Oxford University Press."
"The God Delusion", Richard Dawkins, Bantam Press, 2006, pag. 215.

Jeff Skilling e os seus seguidores não foram os únicos a ler fantasias ideológicas onde estas não existiam. Percebe-se que na blogosfera lusa também houve quem cometesse o mesmo erro de interpretação do texto de Dawkins (desconfio que só leram a capa do livro), os artistas do costume...

segunda-feira, janeiro 21, 2008

O Modelo Sicko Americano


A explicação da baixa diminuição do número de "mortes evitáveis" do gráfico publicado no Ladrões de Bicicletas, apesar da elevada verba gasta em cuidados de saúde nos EUA, é nos dada com muita clareza por Jeremy Rifkin:

"When it came to evaluating the fairness of the countries' health care, the US ranked 44th, or the last place among the OECD nations.
(...) the United States spends more per capita for health care than any other nation of the world, according to the OECD - $4,900 per person in 2001. Most of the increased cost is attributable to the high administrative costs and margins associated with running a for-profit health-care system. Moreover, because so many millions of Americans are ininsured, they cannot afford preventive care and do not attend to an illness at the outset. Waiting until the ilness has advanced to a crisis increases the medical cost significantly (...) this is a perfect example of the disconnect between the measure of pure economic activity, reflected in the GDP, and the quality of life a society enjoys."

"The European Dream: How Europe’s Vision of the Future is Quietly Eclipsing the American Dream", Jeremy Rifkin, ed. Polity, 2004, pag. 80

domingo, janeiro 20, 2008

Metas de redução de emissões de gases até 2020

O meu artigo de ontem no portal Esquerda.Net:
Na próxima quarta-feira, dia 23, a Comissão Europeia deverá anunciar a distribuição por país das metas de redução da emissão de gases de efeito de estufa até 2020.
Durante a Conferência sobre as Alterações do Clima que decorreu no passado mês em Bali, a União Europeia comprometeu-se a reduzir até 2020 o total das suas emissões de gases de efeito de estufa em 20%, em relação aos níveis de emissão de 1990. Contudo, comprometeu-se a levar mais longe o esforço de redução, até 30%, se os restantes países industrializados concordarem em atingir a mesma meta e se os países em vias de desenvolvimento adoptarem políticas mais determinadas no combate às alterações do clima.

Para atingir estas metas a UE deverá implementar novas medidas: o aumento da eficiência energética em mais de 20% até 2020, o aumento da fracção de energias renováveis a 20% até à mesma data e dotar as novas centrais de produção de energia com sistemas de captura de dióxido de carbono e com tecnologia de armazenamento de gases. Estas medidas estão a ser debatidas entre a Comissão e os estados membros numa perspectiva de implementação diferenciada em cada país - em função das realidades sócio-económicas de cada estado - que permita ao conjunto dos 27 países da União atingir metas estabelecidas. O tema de debate mais polémico prende-se com a tentativa liderada pela França, e seguida pela Rep. Checa, Eslováquia, Polónia e Lituânia, de atribuir à energia nuclear o mesmo estatuto das energias renováveis no quadro do objectivo de produção de 20% de energias "verdes" até 2020.

As referidas metas de redução de emissões estão associadas ao limite máximo de 2°C estabelecido para o aumento da temperatura do planeta. A partir deste limite da temperatura média global, as alterações do clima poderão desencadear mudanças irreversíveis e catastróficas em todo o planeta. Para que o limite de 2°C não seja ultrapassado, o total de emissões gases de efeito de estufa de todos os países do mundo deverá parar de aumentar até 2020 e deverá ser reduzido para metade dos níveis de 1990 até 2050. Estes valores são o resultado dos cálculos efectuados pelos melhores climatologistas do mundo, após comentários, correcções, aprovação pelos pares e publicação nas melhores revistas científicas da especialidade. Foi em função destes valores que a UE elaborou a sua proposta de Bali. A proposta apela aos países industrializados a redução antecipada até 2020 das suas emissões em 30% em relação a 1990, de modo a dar tempo aos países em vias de desenvolvimento para adoptarem medidas compatíveis com o limite máximo de 2°C da temperatura média global.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Roubar muito não é crime

O que espero de um país que fica histérico por causa de meia dúzia de irresponsáveis terem espezinhado um campo de milho ou por um assaltante de um banco andar a monte no meio das serras, é que esse mesmo país fique muito mais histérico quando se descobre que mais de 1/6 do investimento das empresas portuguesas nos últimos 10 anos foi para paraísos fiscais. Estamos a falar de cerca de 6155 milhões de euros! Sabemos que uma grande parte desta verba é utilizada em negócios ilegais e fuga ao fisco. Se metade for utilizada nestas operações são mais de 3 mil milhões de euros em 10 anos utilizados em operações criminosas! Isto é um roubo colossal aos contribuintes, com consequências que não são directamente visíveis, mas que indirectamente causam desemprego, falseiam as regras do mercado nacional e internacional e que favorecem o florescimento de actividades não produtivas e criminosas.

O que me espanta é que os cronistas e os políticos tão zelosos e tão vigilantes que ficaram escandalizados com os prejuízos causados numa pequena parcela de um milheiral façam vista grossa ao maior roubo ao país dos últimos 10 anos. Será que só é roubo ou só é prejuízo quando a quantia tem poucos zeros, quando tem muitos zeros, quando se rouba muito, mesmo muito, já não conta?

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Da ENRON ao BCP

Apesar dos responsáveis da investigação ao BCP receberem formações especializadas sobre fraudes envolvendo paraísos fiscais, estes deveriam ler "The Smartest Guys in the Room", o livro que descreve o escândalo ENRON. Da ENRON ao BCP vai uma grande distância, mas na obra de Bethany McLean e Peter Elkind está lá tudo, tudo o que se possa imaginar sobre esquemas circulares de auto-financiamento utilizando paraísos fiscais. Inclusivamente, as fábulas dos altos funcionários que elaboravam os referidos esquemas a "bem da empresa" (já ouvi esta em relação ao BCP). Na ENRON foram esses os que mais encheram os bolsos...

Mississípi em Chamas



"Mississípi em Chamas" de Alan Parker é um bom filme realizado em 1988 que narra factos verídicos envolvendo o assassinato de três activistas dos direitos humanos ocorrido em Philadelphia, Mississípi, em 1964. Os activistas (um negro e dois judeus) participavam na acção "Freedom Summer" cujo objectivo era apelar ao registo das minorias nos cadernos eleitorais. O assassinato que foi executado por vários elemento do Ku Klux Klan local, atraiu os principais jornais e televisões para uma pequena cidade da américa profunda. A população local confrontou-se com a transmissão para o resto da américa das suas opiniões, preconceitos e angustias. O que se lia e o que se ouvia nas TVs não era bonito. Pior que racismo, só mesmo o racismo velado e cobarde dos que tentam justificar de uma forma trapalhona preconceitos primários.
É interessante ver "Mississípi em Chamas" 20 anos depois da sua estreia. É interessante constatar que muita da base da retórica hoje em voga que visa o ataque ao "politicamente correcto" já tinha sido debitada em 1964 pelo preconceito e pelo racismo velado dos que tentaram justificar as acções e a existência do Ku Klux Klan. Algumas passagens das declarações registadas na altura são iguaizinhas às de muitos actuais cronistas que se insurgem contra formas justas de discriminação positiva ou de implementação de simples direitos cívicos de minorias.
O Ku Klux Klan morreu, no que toca a liberdades e a direitos estamos melhor que em 1964, mas alguns tiques ficaram.

terça-feira, janeiro 15, 2008

20 000 000 000 $ em armas para Sauditas

Cerca de 20 mil milhões de dólares em vendas de armas ao regime mais criminoso do mundo é a verdadeira cartada "diplomática" do presidente Bush no Médio Oriente. O resto são fotografias para crentes e acólitos da Administração Bush. O grosso da fatia do negócio envolve mísseis Patriot e kits para bombas telecomandadas (Joint Direct Attack Munitions).
Os EUA andam a armar até aos dentes a Arábia Saudita - um dos 10 países do mundo que mais gasta em armas (foto AP/BBC). Resta saber a quem será destinado todo esse arsenal. Concordo com a opinião de uma parte do Congresso americano que considera mais provável os alvos poderem ser os próprios EUA e Israel...

segunda-feira, janeiro 14, 2008

O traçado do TGV não serve o país

O acesso via TGV previsto para o aeroporto de Alcochete não serve os utilizadores do aeroporto que vivem a norte de Lisboa e serve mal quem vive em Lisboa. Sobretudo para quem vive na Beira Interior o percurso será ridículo, obrigando a uma volta impressionante que compreende o atravessamento do Tejo pela a península de Setúbal para se poder chegar ao aeroporto sem utilizar o transporte individual. Será um trajecto penoso sobretudo para quem já tem a sina de se ver obrigado a mudar de comboio para chegar ao TGV.

Ou se encontra uma solução de acesso directo pelo norte (que envolverá mais custos) ou se muda o traçado do TGV. Lembro que o traçado previsto para a entrada do TGV em Portugal é já de si já um erro, como o demonstra a tese de doutoramento do Manuel Tão, doutorado em economia de transportes pela Universidade de Leeds.

Além do mais, o trajecto do TGV deveria permitir às companhias aéreas substituir a ligação aérea altamente poluente entre Lisboa-Porto - a Air France emite bilhetes combinados avião+TGV poupando nas viagens aéreas de curta distância - pela ligação ferroviária rápida entre Alcochete e o Porto. Com o traçado previsto do TGV essa opção ficará altamente comprometida.

domingo, janeiro 13, 2008

A polémica sobre o comboio há 150 anos

Muito bom e oportuno o artigo "O país discute a obra nasce" de Filipe Santos Costa na revista Única do Expresso, onde se resume o debate e a polémica sobre se deveria ou não ser implementado o caminho-de-ferro em Portugal há 150 anos atrás...

Politicamente Ferpeito

Sobre como a palavra fascista pode ser utilizada pelos mesmos autores para a vitimização e para o ataque desmesurado, ler o Rui Tavares.
No que me toca a mudança de ideias sobre os autores referidos, ainda antes de 2007 acabar, essa mudança ocorreu quando ouvi dizer que a diplomacia inglesa era baseada nas regras de um clube de golfe. Tudo ficou muito mais claro, Israel, a independência da Rep. da Irlanda, a Irlanda do Norte, o Domingo Sangrento, o Muro do Ulster, o Muro da Palestina, Gibraltar, etc.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Tanto estudo para mais irresponsabilidade

Nunca andei aqui com bandeirinhas pela Ota ou por Alcochete, ambas as soluções me pareciam razoáveis do ponto vista geográfico: a norte ou à mesma latitude de Lisboa com bons acesso para o norte e o centro do país. Má seria a solução Portela+X (houve quem sugerisse +3!!)e ainda pior seria a solução de efectiva localização na margem sul, em plena península de Setúbal, praticamente inacessível para 2/3 do país.

No entanto, o anúncio de hoje da escolha de Alcochete foi mais um acto irresponsável do governo. Ainda está por fazer o estudo de impacto ambiental à localização de Alcochete e a decisão já está tomada. E se este estudo revelar resultados muito negativos? E se na sequência desses resultados a Autoridade Internacional de Aviação Civil não autorizar os voos para Alcochete, como o fez para a península de Setúbal? O governo vai voltar de novo à OTA?

Se o TGV não passar no novo aeroporto todo o projecto será um logro.

Seria interessante que fosse tornado público o contrato da Lusoponte com o governo e quanto esta empresa vai receber com esta decisão.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Provinciana ou não?

Respondendo ao FNV do Mar Salgado, concordo com Prof. Gomes Canotilho quando afirma que a Universidade de Coimbra é cada vez mais provinciana, tendo em conta que a fracção de inscrições de alunos da região tem aumentado. Para este facto tem contribuído ultimamente o aumento brutal das propinas. Hoje fica mais barato a um aluno pagar as propinas de uma universidade privada localizada na sua área de residência do que se deslocar para estudar na Universidade de Coimbra, onde deverá de pagar propinas+quarto.
Um dos efeitos secundários do aumento exagerado das propinas é a promoção do imobilismo. Os alunos dos grandes centros ficam nos grandes centros, os da província ficam na província. No caso de não existirem alunos na província em número suficiente as universidades e os politécnicos vão correr um sério risco de fechar cursos ou até mesmo de fechar as portas, é o que se verifica actualmente em Castelo Branco, Covilhã, Guarda e Trás-os-Montes.

A sorte da Universidade de Coimbra é ter um lastro de qualidade em muitas áreas diferentes que vem do passado e de não ser provinciana na actividade científica, o que lhe tem valido ser considerada a melhor universidade do país ano após ano. Mas se a tendência para o provincianismo continuar o futuro poderá ser menos risonho.

Sindicato dos gajos altos

Associo-me à indignação do Bruno Nogueira. Há que criar um sindicato dos gajos altos. Somos oprimidos, discriminados e torturados nos transportes públicos, nas mesas dos restaurantes com travessas abaixo no nível dos nossos joelhos, nas camas com menos de 1,90m equipadas de travessas de madeira (as travessas são um instrumento de tortura terrível!) nos urinóis que nos ficam pelos calcanhares e nas cabines telefónicas que nos dão pelo umbigo.
Jovem se tens mais de 1,90m sindicaliza-te e junta-te à luta por urinóis mais altos! (os sapatos agradecem)

terça-feira, janeiro 08, 2008

Les misérables

É sempre impressionante quando descobrimos que no universo da alta finança se recorre a artimanhas tão grosseiras como as que se praticam na economia paralela de um banal bairro degradado de Los Angeles ou de Marselha. Preços e condições especiais para primos e amigos. Se for preciso as notas passam pela lavandaria. E é giro registar o vocabulário alternativo com que se designa e se define essas artimanhas. Obviamente que roubar não é roubar e dívida não é dívida, para os muito ricos. Há sempre uma definição no dicionário de financês que tudo explica e tudo limpa, já se sabe que só os pobres é que roubam e têm dívidas.

Novo Canal e Serviço Público (comentários)

"As TVs privadas em sinal aberto, aquelas cuja mensagem chega a milhões de portugueses, têm uma programação miserável. Telenovelas, reality-shows, filmes e séries americanos e...telejornais tablóides. Debate ? Documentários ? Jornalismo de investigação ? Filmes europeus ou asiáticos ? Zero horas, zero atenção. Neste capítulo, apesar da fraca programação da RTP1 e RTP2 (demasiados concursos e shows, muita superficialidade) o Estado mostra-se muito mais capaz de administrar a coisa pública. Só quem não quer ver, é que não vê o falhanço da SIC e TVI na formação da identidade cívica e cultural dos portugueses, tal como a Lei da Televisão obriga."
J. Vaz

"Sem prejuízo daquilo que apontas, acho mais preocupante o projecto de televisão digital terrestre que está planeado em dois pacotes de canais: um gratuito e outro de assinatura. Além dos custos do receptor, mesmo para ter acesso ao pacote gratuito, está-se mesmo a ver que os canais de sinal aberto não vão ser melhores do que os actuais e vão ter muita publicidade. Quanto aos canais de assinatura, espero para ver, mas sem grandes expectativas."
David Luz (Linha dos Nodos)

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Novo Canal e Serviço Público

Num dos países da Europa em que mais horas se passa em frente a um televisor e que acumula com o nível educacional mais baixo do continente (excluindo Malta), o novo canal de televisão só fará sentido se for um canal de serviço público.
A esquerda portuguesa e a nova elite de direita que valoriza a cultura e a educação, deveriam mobilizar-se para opor um projecto à televisão de baixíssima qualidade oferecida pela direita kitsch e mercantilista, representadas pela SIC generalista e a TVI. A outra solução é lutar para impor regras rigorosas de serviço público a todos os canais.

Se vier aí uma Tele-Cofina é certo e sabido que o nível ainda vai baixar mais (sim, ainda pode baixar mais). Para um povo que se educa em frente à televisão, mais um canal para transmitir lixo com o único intuito de vender empréstimos bancários, champôs e assinaturas telefónicas, só vai ajudar a enterrar ainda mais este país.

"If You Tolerate This Your Children Will Be Next", Manic Street Preachers

quinta-feira, janeiro 03, 2008