quinta-feira, janeiro 17, 2008

Roubar muito não é crime

O que espero de um país que fica histérico por causa de meia dúzia de irresponsáveis terem espezinhado um campo de milho ou por um assaltante de um banco andar a monte no meio das serras, é que esse mesmo país fique muito mais histérico quando se descobre que mais de 1/6 do investimento das empresas portuguesas nos últimos 10 anos foi para paraísos fiscais. Estamos a falar de cerca de 6155 milhões de euros! Sabemos que uma grande parte desta verba é utilizada em negócios ilegais e fuga ao fisco. Se metade for utilizada nestas operações são mais de 3 mil milhões de euros em 10 anos utilizados em operações criminosas! Isto é um roubo colossal aos contribuintes, com consequências que não são directamente visíveis, mas que indirectamente causam desemprego, falseiam as regras do mercado nacional e internacional e que favorecem o florescimento de actividades não produtivas e criminosas.

O que me espanta é que os cronistas e os políticos tão zelosos e tão vigilantes que ficaram escandalizados com os prejuízos causados numa pequena parcela de um milheiral façam vista grossa ao maior roubo ao país dos últimos 10 anos. Será que só é roubo ou só é prejuízo quando a quantia tem poucos zeros, quando tem muitos zeros, quando se rouba muito, mesmo muito, já não conta?

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