terça-feira, abril 14, 2009

Sistema de recuperação de energia cinética na F1

(Publicado no portal Esquerda.net)

Apesar dos desportos motorizados como a Fórmula 1 e os rallies servirem em parte para vender automóveis, acessórios, combustíveis, etc., nas últimas décadas estes desportos têm servido igualmente para desenvolver significativamente investigação de ponta no sector automóvel com resultados muito positivos. Muitas das soluções encontradas tornaram mais eficientes muitos dos órgãos mecânicos dos carros que percorrem todos os dias as nossas cidades (suspensões, amortecedores, pneus, transmissões, elementos aerodinâmicos, etc.) e contribuíram para aperfeiçoar novas soluções para os motores (multi-válvulas, injecção electrónica, turbo, etc.). À escala mundial esses aumentos de eficiência compensam largamente a poluição causada pelos rallies ou pelos grandes prémios.

Dadas as restrições que a legislação de vários países têm vindo a impor aos motores dos automóveis para combater o aquecimento global e a penúria de combustíveis fósseis, a Federação Internacional Automóvel concebeu novos regulamentos que permitissem a introdução de sistemas e recuperação de energia já em 2009 na Fórmula 1. Desde o início da temporada que vários fórmula 1 têm participado nos grandes prémios com um novo sistema de recuperação de energia cinética, designado em inglês KERS (Kinetic Energy Recovery System). Este sistema recupera a energia cinética do carro durante a fase de travagem e permite armazená-la de forma a estar disponível mais tarde durante a fase de aceleração. Embora existam vários tipos de KERS, em média este sistema permite transmitir 80 cavalos de potência extra a um carro de fórmula 1 durante cerca de 7 segundos, sendo accionado pelo piloto através de um botão instalado no volante. A McLaren, a Renault, a Ferrari e a BMW estão entre as equipas que já utilizaram com algum sucesso este novo sistema.

Embora algumas marcas já comercializem automóveis equipados com sistemas similares, a sua utilização em viaturas de competição como na fórmula 1 proporcionará um desenvolvimento muito mais rápido deste sistemas, contribuindo para a sua banalização mais cedo do que o previsto. Os benefícios destes dispositivos poderão assim alastrar-se a centenas de milhões de viaturas novas em todo o mundo. Mesmo que o ganho percentual deste sistema seja baixo, à escala mundial, traduzir-se-á num valor absoluto significativo de redução de consumo de combustíveis fósseis e de libertação de gases de efeito de estufa.

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