quinta-feira, dezembro 31, 2009

Filme de 2009



Anne Fontaine realizou "Coco avant Chanel" em jeito de homenagem à mulher que havia em Coco Chanel, uma homenagem ao seu contributo para a emancipação feminina. Fontaine mostra-nos Gabrielle Chanel (Coco), uma mulher que teimava em não ser submissa, em prosseguir os seus objectivos que contrariavam os códigos femininos da época e que aplicou os mesmos princípios com sucesso ao seu trabalho de criação de roupa feminina.
Um dos factos surpreendentes do filme é o retrato extremamente machista da época, a forma repugnante como as mulheres eram tratadas, sobretudo se tomarmos em conta que estávamos no país mais moderno do mundo. Este filme ajuda muito a perceber como o século XX foi essencial para se estabelecer uma relação decente entre os dois sexos.

A Audrey Tautou assenta-lhe bem a personagem de Chanel, mas na minha opinião é o actor Alessandro Nivola a grande revelação deste filme, interpretando o inglês Arthur Capel de quem Chanel foi amante sem o saber.

Um filme que aconselho vivamente a todas as Coco em espírito que lêem este blogue.

quarta-feira, dezembro 30, 2009

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Vinho preferido de 2009

A minha descoberta do ano foi este Pinot Noir, apelidado Mas Borràs, da casa Torres. O Mas Borràs é um vinho da Catalunha que já ganhou vários prémios mundiais de vinho: o Mundial de Pinot Noir (2007 e 2005) e o Mundus Vini. É mais caro do que barato, mas é um vinho que vale bem o que custa.

Livros preferidos de 2009

"Os Lusitanos no tempo de Viriato" de João Inês Vaz (Ed. Ésquilo) e "Un roman français" (Ed. Grasset) de Frédéric Beigbeder.

O livro de J.I. Vaz traz novas luzes ao nosso conhecimento sobre Viriato e os Lusitanos (território, tribos, língua, organização, espiritualidade, etc.) e acaba com muita lenda patrioteira que se fez passar por história sobretudo no tempo do Estado Novo.
Da obra de Beigbeder, uma autobiografia romanciada, gostei deste registo, mais complexo que o das obras anteriores. Gostei dessa franqueza sem cinismo (o cinismo muito na moda, tão na moda, que já enjoa) e dessa outra faceta, mais nostálgica, menos glamour, mas mais interessante do egoïste romantique.


quinta-feira, dezembro 24, 2009

Victória do povo americano e... da Europa



O senado americano aprovou um novo sistema de cuidados de saúde que abrange quase todos os americanos. Hoje em dia cerca de 17% dos americanos (~ 40 milhões) não tem qualquer cobertura. No entanto, os EUA são um dos países que mais gasta na segurança social. Como 40 milhões de americanos não têm acesso à saúde, não têm igualmente acesso à medicina preventiva o que encarece o sistema quando se recorre posteriormente apenas à medicina curativa. Hoje os EUA adoptaram finalmente os princípios basilares do Modelo Social Europeu. Esta é também uma vitória da Europa.



Em Los Angeles vi pobreza e gente a dormir na rua como nunca vi na Europa, nem nos países mais pobres. Pensava que tinha visto o pior da América. Mas não, foi naquele parque no centro de Honolulu, no Havai, onde assisti a dezenas de velhinhos, pessoas reformadas e velhas senhoras a competir por um banco, um espaço de relva, transportando a sua vida num velho carrinho das compras. Foi ali que vi o pior da América. Depois de uma vida de trabalho (muitos deles trabalhando em mais do que um emprego), a recompensa para aqueles seres humanos é dormir na rua. A norte de Pearl Harbor, esse porto atacado pelos japoneses infamemente, estende-se um imenso bairro que não é de lata, mas de tendas a perder de vista. Se a infâmia ao ser humano existe mora naquele bairro certamente (fotos de Skid Row, LA, New York Times).

Hoje é um verdadeiro dia de Natal para quase 40 milhões de americanos.

terça-feira, dezembro 22, 2009

Copenhaga: 2 Graus Sem Controlo


Foto de Scarlett Hooft Graafland, série Igloolik

(Publicado no portal esquerda.net)
Já era esperado que da Conferência para as Alterações do Clima em Copenhaga não saísse qualquer protocolo ou qualquer documento juridicamente vinculativo. Esperava-se apenas um acordo político prévio sobre as restrições de emissões seguido da definição de uma data limite para elaborar um acordo juridicamente vinculativo no decurso de 2010. Para além de o acordo resultante da Conferência ter sido fraco, não indo além da necessidade de impor um limite à temperatura média do planeta abaixo de dois graus centígrados no horizonte de 2050, o Acordo de Copenhaga foi também marcado pela discórdia visto que teve o apoio de apenas 30 países. Tendo em conta o cenário mais provável, o ponto mais negativo foi a renúncia de estabelecer uma data limite para a elaboração de um protocolo juridicamente vinculativo e o ponto mais positivo foi a definição de um fundo de ajuda aos países em vias de desenvolvimento e aos países mais afectados pelas alterações climáticas. Esse fundo prevê uma ajuda de 30 mil milhões de dólares até 2012 e de 100 mil milhões de dólares até 2010. Foi decidido também continuar as negociações na Cidade do México em Novembro de 2010.

Do Acordo de Copenhaga e das negociações que estiveram na base deste texto, esteve sempre ausente a possibilidade de implementação de um mecanismo de controlo eficaz dos compromissos de redução de emissão de gases de efeito de estufa. De nada serve estabelecer limites de emissão se posteriormente não for supervisionada a efectiva implementação das medidas acordadas. O limite de 2°C situa-se pouco abaixo do limite de não retorno, em que o dióxido de carbono perderá a capacidade de se reciclar nas florestas e oceanos, aumentado a probabilidade de a temperatura do planeta aumentar de uma forma descontrolada. É por isso muito importante que o mecanismo de controlo a implementar seja muito preciso. O limite deverá ser forçosamente de 2°C e não 2,3 ou 2,5°C sob risco de entrarmos na zona de não retorno. A experiência de mecanismos internacionais de controlo não é famosa. Por exemplo, em questões mais concretas como é o caso dos mercados financeiros esses mecanismos revelaram uma grande fragilidade e foram incapazes de detectar a diferença entre a realidade e a ficção financeira. Um mecanismo com a mesma eficiência para controlar o clima poderia revelar-se catastrófico.

A China foi o país que maior resistência ofereceu à implementação de um processo de controlo, tendo o seu representante chegado a ameaçar abandonar as negociações. Dada a seriedade das consequências associadas às alterações do clima, que comportam alguma gravidade mesmo para um aumento de 2°C (morte dos corais, extinção de espécies até 30% e baixa da produtividade agrícola nas regiões mais secas) e que estão já a contribuir para o desaparecimento do Tuvalu, será essencial no futuro a adopção de penalizações para países que não respeitem os acordos. A atmosfera é um espaço partilhado por todos, não é pertença da China nem de qualquer outro país ou organização. Não se pode recear mais a reacção da China, tal como se receou a América de Bush, do que as ameaças que pairam sobre o futuro do planeta. O resultado líquido do falhanço destas negociações terá como consequência a perda de vidas humanas, desemprego e migrações em massa. Nada do que possa fazer a China comunista e ultra-liberal ou um hipotético retorno do fanatismo republicano ao governo dos EUA, se compara ao que está em jogo se a temperatura ultrapassar os dois graus centígrados.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

A esquerda e os capatazes da construção civil

Concordo muito com este texto do Luís Januário, apesar da traulitada (com nível) a algumas pessoas pelas quais tenho alguma estima. Sou adepto dos compromissos e até compreendo algumas guinadas políticas, mas esse fechar de olhos aos "capatazes da construção civil" também me cai muito mal.

Num país onde uma boa parte da população foi educada em seminários, sem a supervisão do sacrossanto casal heterossexual, no país das Casa Pias onde o abuso sexual era considerado normal pela justiça do Estado Novo, causa-me alguma aversão esse calculismo sobre a adopção de crianças por casais homossexuais, sobretudo quando hoje temos dezenas de trabalhos científicos que demonstram que um casal de gays educa melhor uma criança que um bando de padrecos. Relembro esta história da Isabel Moreira passada numa instituição "civilizada" gerida por respeitáveis padres.

domingo, dezembro 20, 2009

Adeus Lenine



"Good Bye Lenin" é um delicioso filme que retrata o fim do comunismo na RDA através do percurso nostálgico de Alexander que tenta esconder à mãe, uma ex-funcionária do partido comunista, que o regime tinha acabado. Alexander ilude a mãe, acamada num hospital com uma grave doença cardíaca, fazendo-a crer que a RDA ainda existe para a poupar de um choque fatal. Alexander recupera produtos, revistas, comida da ex-RDA que já ninguém quer para demonstrar à mãe que a RDA continua viva e se recomenda. Durante o périplo de Alexander revisitamos os restos de um país vetusto e de um povo encalhado num limbo social, onde se perdeu o pouco de positivo que havia no comunismo e se abraçou o pior do capitalismo. Uma das passagens mais simpáticas do périplo nostálgico dá-se quando Alexander contrata um ex-astronauta da ex-RDA para se fazer passar pelo novo presidente da república num programa de televisão especialmente preparado para a mãe. Apreciei muito a simbologia do astronauta presidente em substituição de Erich Honecker.

A narrativa baseada numa estrutura niilista funciona muito bem, a fazer lembrar "A Vida é Bela" de Roberto Begnini. Por vezes, é mais poderoso alinhar no niilismo para denunciar um regime absurdo do que responder à letra aos seus defensores.

Sugestão cinematográfica para os 20 anos do fim do regime de Nicolae Ceauşescu

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Seis Graus

"Seis Graus" da autoria de Mark Lynas é um livro de divulgação que aborda o problema do aquecimento global de uma forma muito intuitiva, dedicando cada um dos seus seis capítulos ao aumento sucessivo da temperatura do planeta de um a seis graus. O capítulo I é dedicado aos possíveis efeitos correspondentes aumento de um grau da temperatura média do planeta, o capítulo II aos efeitos causados pelo aumento de dois graus e assim sucessivamente até seis graus no capítulo VI. O ponto forte deste livro é o autor ter recorrido centenas de artigos publicados nas melhores revistas científicas com arbitragem pelos pares, como a Nature e a Science, para nos oferecer uma leitura agradável e acessível a leigos. São obras como esta que mostram de uma forma fundamentada da primeira à última página como a ciência que explica o aquecimento global é hoje uma ciência sólida, imune às teorias da conspiração que buscam o pequeno erro, a pequena falha, fora do campo da ciência, para tentar descredibilizar o trabalho científico.
Os trabalhos citados cobrem variadíssimas áreas do saber (biologia, química, meteorologia, geologia, etc.) e percorrem a história da Terra, desde os períodos em que havia um deserto que se estendia até ao Canadá até à era em que Europa estava praticamente toda coberta de gelo. Esses períodos em que a temperatura da Terra desceu muito ou subiu muito dão-nos indicações preciosas sobre o mundo que podemos esperar se variarmos a temperatura do mesmo montante, à excepção de um detalhe. A concentração de dióxido de carbono na atmosfera nunca foi tão alta no último milhão de anos como o é actualmente. Essa concentração continua a subir vertiginosamente.
Nesta obra Portugal é citado frequentemente em trabalhos científicos, sobretudo na nossa especialidade: os incêndios florestais. Por este andar espera-nos um futuro negro, de céu negro, dos fogos florestais...

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Sessão sobre Copenhaga no Santa Cruz

Na sexta-feira, 11 de Dezembro, o GABE (grupo de ambiente do BE) de Coimbra vai promover a sessão "AGIR PELO CLIMA, DECIDIR EM COPENHAGA", que contará com as presenças de João Gabriel (Quercus), Marisa Matias e Rui Curado Silva, tendo como moderador, José Manuel Pureza, na Galeria Santa Clara, em Coimbra a partir das 21h30.
Apareçam!

quarta-feira, dezembro 09, 2009

[REC]2



Aquele que considero o melhor filme fantástico (terror) desde a estreia de Funny Games tem uma sequela: [REC]2. Vai ser muuuuito difícil manter o nível do primeiro filme. No entanto vale bem a pena visitar o sítio oficial. Muito bem feito e com uma interactividade interessante, que ajuda a abrir o apetite.

Rede de Cidades Verdes

As autarquia que integram a rede de cidades verdes europeias terão de elaborar um plano de metas e medidas concretas para a redução da emissão de CO2 em 20% até 2020, no domínio da eficiência energética e na implementação de energias renováveis.
As cidades portuguesas que assinaram este Pacto de Autarcas são: Águeda, Almada, Aveiro, Cascais, Ferreira do Alentejo, Guarda, Lisboa, Moura, Oeiras, Palmela, Ponta Delgada, Porto e Vila Nova de Gaia.
A sua cidade consta na lista? A minha não...

segunda-feira, dezembro 07, 2009

O porquê do preço desmesurado da água na Figueira

O preço da água na Figueira não sobe por nenhum motivo concreto (investimentos significativos, escassez, aumento de custos de exploração, etc.), sobe porque um contrato com a Águas da Figueira assim o dita. Este tipo de contratos são um abuso cada vez mais comum nos nossos tempos. As empresas que têm a seu cargo milhares de clientes, principalmente em situação de monopólio, aplicam estratégias de contratos que comportam aumentos a longo prazo que não comprometem os políticos que os assinaram, bem explícitos no papel (no caso em concreto: 2005 aumento de 7%; 2007 cerca de 20% e 2010 cerca de 13%) com contrapartidas pouco claras, permitindo a realização de margens de lucro mais flexíveis no futuro. Quanto gasta a Águas da Figueira em investimentos? Esses investimentos justificam o aumento verificado? De modo nenhum.
Assim lucra a Águas da Figueira sem corresponder em serviços ao cidadão figueirense. Isto é a escola da fraudulenta ENRON e de muitas outras empresas que aprenderam a ganhar muito sacando margens de lucro consideráveis graças à negligência de políticos ingénuos (ou espertalhaços). Cada euro que se ganha sem retorno para o cidadão multiplica-se pelas dezenas de milhar de clientes. Um roubo estatístico é na prática um roubo como outro qualquer.

domingo, dezembro 06, 2009

Aquecimento global pior que previsto


Foto de Scarlett Hooft Graafland, série Igloolik

(Publicado no portal Esquerda.net)
Num recente relatório elaborado por alguns dos melhores cientistas na área da climatologia que compila os principais trabalhos científicos publicados durante os últimos três anos desde a reunião do PIAC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) ocorrida no início de 2007, conclui-se que a evolução do clima supera as piores expectativas dos trabalhos científicos anteriormente publicados. A seguir enumeram-se as principais conclusões do referido relatório, intitulado "O Diagnóstico de Copenhaga":

- As emissões de dióxido de carbono relativas a 2008 superam em 40% as emissões de 1990. A este ritmo, dentro de 20 anos a temperatura média do planeta poderá aumentar mais de 2°C com uma probabilidade de 25%, atingindo assim o limiar de não retorno, limiar a partir do qual se considera que o ciclo de produção de dióxido de carbono perderá a capacidade de se reciclar.

- A evolução da temperatura média dos últimos 25 anos reforça a tese do aquecimento provocado pelas actividades humanas. O aumento médio de 0,19°C por década confirma os actuais modelos teóricos que explicam os efeitos causados pelos gases de efeito de estufa. Apesar de uma diminuição da parcela do aquecimento global causada pelo Sol - a nossa estrela passou por um mínimo do seu ciclo de 11 anos - a tendência do aquecimento médio manteve-se.

- A actual rede de satélites de observação do clima mostram inequivocamente que o calote do Árctico está a diminuir a um ritmo mais acelerado do que o previsto, a área que desapareceu nos últimos três anos superou em 40% a área prevista. Como já foi diversas vezes referido o Árctico é muito mais sensível às alterações do clima do que o Antárctico por causa da extensão da sua placa terrestre e da massa oceânica que rodeia o pólo sul.

- As observações de satélite mostram também que o nível do mar subiu em média cerca de 3,4 mm por ano, ou seja 80% acima do valor previsto pelo PIAC, sendo este valor consistente com a contribuição causada pelo degelo acelerado dos pólos. O aumento do nível do mar em 2100 poderá atingir um metro acima do valor inicialmente previsto pelo PIAC, que era cerca de 2 metros no cenário mais pessimista.

- O ano de emissão máxima de gases de efeito de estufa deverá ocorrer muito em breve, entre 2015 e 2020, se quisermos realmente limitar o aumento médio da temperatura do planeta a 2°C. Para estabilizar a temperatura do planeta será obrigatório estabelecer uma sociedade pouco dependente das emissões de gases de efeito de estufa no final do século XXI, reduzindo em cerca de 80 a 90% as emissões per capita das nações mais desenvolvidas correspondentes ao ano 2000.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Especial Copenhaga por Cohn-Bendit

A edição da Nouvelle Observateur desta semana é da responsabilidade de Daniel Cohn-Bendit e é completamente dedicada ao debate sobre as políticas de combate ao aquecimento global a discutir na cimeira de Copenhaga na próxima semana.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Pastilhas Pirata





Concordo com a totalidade deste texto do David Marçal. Já não há pachorra para as teorias da conspiração que negam o aquecimento global. O episódio dos piratas dos computadores da Universidade de East Anglia só mostra o desconhecimento profundo de como funciona a ciência de quem andou ali a rapar para ver se continuava a alimentar as teorias da conspiração. Acreditar que umas informalidades trocadas por email numa única instituição colocam em causa o manancial de observações, experiências e trabalhos teóricos publicados por milhares investigadores dos vários cantos do mundo em revistas científicas de referência de vários domínios científicos (química, física molecular, física da atmosfera, geologia, astrofísica, clima, oceanos, etc.), é não ter a mínima noção do que é a ciência.

Do site Real Climate a passagem abaixo é bem ilustrativa da tretas que andaram a ser vendidas pelos "piratas" (diz que foram hackers...):

"No doubt, instances of cherry-picked and poorly-worded “gotcha” phrases will be pulled out of context. One example is worth mentioning quickly. Phil Jones in discussing the presentation of temperature reconstructions stated that “I’ve just completed Mike’s Nature trick of adding in the real temps to each series for the last 20 years (ie from 1981 onwards) and from 1961 for Keith’s to hide the decline.” The paper in question is the Mann, Bradley and Hughes (1998) Nature paper on the original multiproxy temperature reconstruction, and the ‘trick’ is just to plot the instrumental records along with reconstruction so that the context of the recent warming is clear. Scientists often use the term “trick” to refer to a “a good way to deal with a problem”, rather than something that is “secret”, and so there is nothing problematic in this at all. As for the ‘decline’, it is well known that Keith Briffa’s maximum latewood tree ring density proxy diverges from the temperature records after 1960 (this is more commonly known as the “divergence problem”–see e.g. the recent discussion in this paper) and has been discussed in the literature since Briffa et al in Nature in 1998 (Nature, 391, 678-682). Those authors have always recommend not using the post 1960 part of their reconstruction, and so while ‘hiding’ is probably a poor choice of words (since it is ‘hidden’ in plain sight), not using the data in the plot is completely appropriate, as is further research to understand why this happens."

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Quando o Dubai foi modelo do ultraliberalismo

Neste texto de Pacheco Pereira em que se nega a crise mundial insinuando que a crise atinge apenas os EUA e a Europa e não a Ásia, onde a mesma Ásia surge como um exemplo de maior purismo ideológico ultraliberal (embora não perfeito), aparece ali no cabeçalho com grande pompa a torre Burj do Dubai. Este tipo de ideias foram reproduzidas por outros blogues que seguem a ideologia expressa no Abrupto mas com muito menos brilhantismo. Uns viajaram ao Médio Oriente e ficaram maravilhados, outros limitaram-se a pendurar nos seus blogues belas imagens do esplendor do Dubai. No entanto, já nessa altura os mercados financeiros do Dubai estavam em grandes dificuldades, mas a distracção é tal... E foram os mesmos mercados financeiros, o cerne da filosofia ultraliberal, os principais responsáveis pela crise e pela implosão do Dubai. Com mais ou menos impacto a crise alastrou-se fortemente a todos os principais mercados financeiros da Ásia e hoje mesmo mercados como o de Singapura estão em sérias dificuldades.

Tentar ver no Dubai um exemplo foi a fuga para a frente possível na altura. Hoje a realidade é mais complicada. Começa a ser cada vez mais difícil sustentar a orientação das economias em função dos caprichos dos mercados financeiros.