segunda-feira, maio 17, 2010

Enrequecimento de urânio iraniano na Turquia

(publicado no Esquerda.net)
Este fim-de-semana, o Irão aceitou produzir urânio enriquecido fora do país, suspendendo parcialmente o seu próprio programa de enriquecimento de urânio. Esta decisão resultou de negociações decorridas em Teerão entre o presidente brasileiro Lula da Silva, o primeiro-ministro turco Erdogan e o presidente iraniano Ahmadinejad, cujo objectivo era convencer o Irão a suspender o seu programa de enriquecimento de urânio. Os receios da comunidade internacional em relação ao programa de enriquecimento de urânio iraniano devem-se à possibilidade de utilização de urânio enriquecido para a produção de armas nucleares. Caso o Irão conseguisse dominar todo o processo de produção urânio enriquecido seria extremamente difícil à AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica) garantir que esse material seria utilizado apenas para fins civis. No passado países como a França e Israel iniciaram um programa nuclear civil com o objectivo escondido de criarem o seu próprio programa nuclear militar. Teme-se que o programa nuclear civil iraniano esconda as mesmas intenções.

O acordo agora assinado garante que uma boa parte do urânio fracamente enriquecido no Irão seja processada na Turquia até ao nível de enriquecimento de urânio necessário para a sua utilização num reactor nuclear civil. Paralelamente o Irão estabeleceu acordos de colaboração com o Brasil no domínio energético de quem irá beneficiar de uma linha de crédito de mil milhões de euros. Em resposta a este acordo, Israel declarou que o Irão estava a manipular o Brasil e a Turquia para adiar possíveis sanções da comunidade internacional.

Aquando da criação da AIEA em 1957 pretendia-se que todos os países que possuíssem armas ou materiais para fins nucleares civis ou militares os colocassem sob a égide da própria Agência de forma a diminuir o risco associado à proliferação de armas nucleares. 63 anos depois, ainda estamos muito longe desse objectivo, no entanto o caso iraniano mostra com clareza que para lidarmos com o Irão de uma forma coerente, justa e eficaz, contribuindo de facto para diminuir os riscos de proliferação, seria desejável adoptarmos os princípios fundadores da AIEA.

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