segunda-feira, junho 07, 2010

ESA e Rússia simulam viagem a Marte

(publicado no portal Esquerda.net)

Iniciou-se no passado dia 3 de Junho a experiência Mars 500 cujo objectivo é simular um voo tripulado ao planeta Marte. A Mars 500 é dirigida pelo Instituto de Problemas Biomédicos da Rússia em estreita colaboração com a Agência Espacial Europeia, contando ainda com participação internacional de instituições científicas de países como a China ou os EUA. A “tripulação” da Mars 500 é composta por seis elementos: três russos, um italiano, um francês e um chinês. As suas competências cobrem sobretudo os domínios da engenharia, da fisiologia e da medicina. A simulação de viagem a Marte iniciada a 3 de Junho durará até 5 de Novembro de 2011. A 8 de Fevereiro de 2011 serão simulados a chegada a Marte e o início das operações em solo marciano. De seguida, a 10 de Março de 2011, inicia-se a viagem de “regresso” à Terra.

Durante cerca de 520 dias, a “tripulação” da Mars 500 estará confinada a viver em cinco módulos onde serão testadas todas as condições de sobrevivência associadas a uma viagem de ida e volta a Marte. Durante este estudo será dada especial atenção à saúde e à capacidade de trabalho dos 6 elementos em condições de isolamento hermético, confinados a um volume limitado em que serão simuladas especificidades inerentes a voos inter-planetários, como: autonomia de decisão da tripulação em relação a um centro de comando terrestre, recursos limitados ou instabilidade e atraso nas comunicações com a Terra. Este atraso pode ser da ordem de alguns segundos a alguns minutos, dado que as ondas rádio utilizadas nas comunicações entre Terra e Marte propagam-se à velocidade da luz. No final deste estudo será avaliada a possibilidade real de realizar uma viagem tripulada a Marte tendo em conta o conjunto de adversidades fisiológicas e psicológicas registadas. Recorde-se que outras simulações anteriores de isolamento humano (Biosfera I e II) resultaram em graves problemas relacionais entre os intervenientes. A experiência Mars 500 será também importante para determinar o nível de equipamento essencial para as naves espaciais que transportarão uma futura tripulação ao planeta Marte.

O interesse dos voos inter-planetários tripulados deve-se à maior capacidade dos seres humanos para estudar a superfície de um planeta quando comparada com o reduzido número de funções que os mais dispendiosos robots actuais são capazes de realizar. Como tem sido hábito desde o início da exploração espacial, espera-se também que novas tecnologias e novas ideias resultantes desta experiência possam ter um impacto positivo no nosso quotidiano na Terra em domínios tão diferentes como a medicina ou a engenharia. Consultar este sítio da NASAsobre o impacto da tecnologia espacial no quotidiano.

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